Éramos Seis

01/01/2012 20:46

 

 

ÉRAMOS SEIS

Natanael V. Ferreira

 

 

           Eles tinham escudos, arcos, e lanças. Usavam capacetes e couraças. Os olhares eram firmes, e nada temiam. Lutavam como se fosse uma maciça tropa armada. Muitos inimigos levantavam-se contra eles, mas os seis soldados eram invencíveis. Como os ataques eram contínuos, os seis soldados foram perdendo as forças e o ânimo. A falange começou a ser desobstruída. Os escudos fortes começaram a se fender. As lanças quebravam-se como se fossem gravetos ao fogo. O líder por fim entregou seu posto, e a falange logo ficou dispersa. O líder soldado caiu na batalha, e ferido como estava, pereceu deixando os outros cinco. Dentre os cinco surgiu então um sucessor. Este sucessor com garras de aço e grande força lutava como nunca. Lágrimas ácidas saiam dos seus olhos marcando seu rosto, mas isto não o fez desistir. Os outros quatro soldados dependiam dele. O peso estava em seus ombros, pois havia muito território a ser explorado e muitos povos a serem derrotados.

        Com o passar do tempo os revezes da vida vinham à tona. Desavenças entre os cinco soldados começaram a existir. Agressões verbais e físicas. Ao invés de lutarem contra inimigos, feriam entre si mesmos. Alguns soldados rebelaram-se e baixaram a guarda. Andaram por territórios estranhos e com companhias que não convinha.

         Passaram-se os anos e os soldados ficaram maduros e experientes, pois unidos estavam novamente. Não demorou muito e três deles saíram da falange. Não por contendas, mas por estarem assumindo outros compromissos inevitáveis. Cada um foi morar em lugares distintos. Porém ainda permaneceram dois soldados. A falange não tem sido a mesma, mas nunca deixou de existir. Embora em tempos antigos fossem seis, agora são apenas dois. De forma bravia estão sempre com a guarda levantada. Eles prosseguem pelos vales sombrios, contra as feras desnorteadas e famintas. Pelejam incessantemente mesmo sob o sol causticante, e nada temem. A falange pode estar em número menor, mas não está vulnerável. Eram seis, e agora são dois. São fortes e impetuosos. Sua coragem tem intimidado tropas inimigas. Quando na batalha o calor de suas espadas parece fundir os ossos dos seus adversários. Isto é ser soldado, mesmo em noites negras quando tudo se opõe a você. Isto é ser guerreiro da linha de frente. Eram seis, e agora são dois. Mesmo no ardor da peleja sempre vencem, sempre conquistam, sempre motivam, e sempre serão o que realmente são. A falange de dois soldados com a força de seis.